Coimbra, 25 de Abril de 1974 - Golpe militar. Assim eu acreditasse nos militares. Foram eles que, durante os últimos macerados cinquenta anos pátrios, nos prenderam, nos censuraram, nos apreenderam e asseguraram com baionetas o poder à tirania. Quem poderá esquecê-lo? Mas pronto: de qualquer maneira, é um passo. Oxalá não seja duradoiramente de parada...
Coimbra, 25 de Abril de 1975 - Eleições sérias, finalmente. E foi nestes cinquenta anos de exílio na pátria a maior consolação cívica que tive. ........ O que faz o aceno da liberdade, e como é angustioso o risco de a perder! Assim os nossos corifeus saibam tirar do facto as devidas conclusões. Mas duvido. Nunca aqui os dirigentes respeitaram a vontade popular, mesmo quando aparentam promovê-la. No fundo, não querem governar uma sociedade de homens livres, mas uma sociedade de cúmplices que não desminta a degradação deles.
Miguel Torga in "Diário XII"
Igreja e Cruzeiro de São Martinho de Anta
Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia Rocha, nasceu em São Martinho de Anta, Vila Real, a 12 de Agosto de 1907. Faleceu no Instituto de Oncologia, em Coimbra, a 17 de Janeiro de 1995, há 15 anos.
Escreveu, a propósito: "Outra vez hospitalizado, pode enganar-se a vida. A morte é que não. Há muito consciente disso, teimo, contudo, em trocar as voltas à minha, numa espécie de birra de menino desatinado. Sei que acabará por levar a melhor. Mas vou ganhando tempo".
Um dos maiores escritores portugueses nunca deu autógrafos, e eu que o diga, que lhe pedi um nas Caldas.
http://trasmontesdepaisagens.blogs.sapo.pt/28407.html
http://trasmontesdepaisagens.blogs.sapo.pt/26614.html
http://trasmontesdepaisagens.blogs.sapo.pt/26159.html
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Cultura/Interior.aspx?content_id=1471730
À Proa dum navio de penedos, a navegar num doce mar de mosto, Capitão no seu posto de comando, S. Leonardo vai sulcando as ondas da eternidade, sem pressa de chegar ao seu destino, ancorado e feliz no cais humano, é num antecipado desengano que ruma em direcção ao cais divino.
Lá não terá vinhedos nem socalcos na menina dos olhos deslumbrados: doiros desaguados serão charcos de luz envelhecida; rasos, todos os montes deixarão prolongar os horizontes até onde se extinga a cor da vida.
Por isso, é devagar que se aproxima da bem-aventurança.
É lentamente que o rabelo avança debaixo dos seus pés de marinheiro.
E cada hora a mais que gasta no caminho é um sorvo a mais de cheiro a terra e a rosmaninho.
Miguel Torga in Diário IX
. Miguel Torga morreu há 15...
. BLOGS A VISITAR
. Azulejos
. Cancelas
. Chaves
. Sentir
. TRÁS-OS-MONTES, mar de pedras
. Cidade Salvador Antiga (Brasil)
. O que se diz em Duas Igrejas
. Agreste
. MORAIS
. Segirei
. Antonio Rodrigues - Fotografia
. Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino
. Valcerto ( e seus corticeiros)
. Cousas de Macedo de Cavaleiros
. Descoberta de Miranda do Douro
. Nuobas
. Desenhos
. Ilustrar Portugal - Gentes e Locais
. Vidago
. Pedome
. FUNGOS DE GALLAECIA Y NORTE DE LUSITANIA
. Asociacion Herpetoloxica Galega
. Minhas Fotos no Flickr
. TV